quinta-feira, 23 de julho de 2009

ABD capixaba abre inscrições para mostra


Século Diário - da Redação

Já estão abertas as inscrições para a Mostra Competitiva da 5ª Mostra Produção Independente da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas/Espírito Santo (ABD&C/ES).
Poderá participar qualquer obra audiovisual capixaba que não tenha sido selecionada em nenhuma das mostras anteriores da entidade. O título da mostra deste ano é Cinema em Negro & Negro e abordará a produção audiovisual do cinema negro envolvendo o circuito cultural Brasil e África. O evento será realizado de 13 a 17 de outubro, no Cine Metropolis, Ufes.
O prazo para enviar os trabalhos é o dia 10 de agosto - valendo a data da postagem. O regulamento geral da 5ª Mostra Produção Independente e a ficha de inscrição já estão disponíveis no site da ABD&C/ES.

A lista com o nome das produções selecionadas para a Mostra Competitiva será divulgada no dia 17 de agosto de 2009 no site da ABD&C/ES. Os dois filmes premiados na 5ª Mostra Produção Independente serão divulgados na última sessão da Mostra que acontecerá dia 17 no Metrópolis.
As produções selecionadas concorrerão ao prêmio de melhor filme capixaba e ao prêmio especial para obras audiovisuais que tratem do tema do evento. As obras da Mostra Competitiva também farão parte do DVD Coletânea, que será distribuído gratuitamente e sem fins comerciais, desde que os diretores e produtores autorizem.

Presenças

Já estão confirmadas as presenças do cineastas Zózimo Bulbul, Joel Zito (foto) e Jeferson De. Os três são importantes nomes que pensam e produzem cinema negro no Brasil. Eles participarão do seminário que também faz parte da mostra onde discutirão o conceito desse tipo de cinematografia. Para o seminário, também está confirmada a participação da cineasta Raquel Gerber.

Além das exibições, a mostra terá em sua programação um seminário para tratar da produção audiovisual do cinema negro, envolvendo o circuito cultural Brasil e África. Ainda durante o evento, serão lançados a 2ª edição da revista Milímetros, que trará um panorama do cinema negro no Brasil, e o DVD Coletânea com as produções exibidas na Mostra Competitiva. Oficinas de realização e cineclubismo também serão oferecidas para público do evento. Toda a programação é gratuita.

domingo, 19 de julho de 2009

Diferentes gerações de cineastas discutirão o Cinema Negro



Três diretores já confirmaram a suas presenças no seminário da 5ª Mostra Produção Independente - Cinema em Negro & Negro


Para discutir o conceito de Cinema Negro, tema da 5ª Mostra Produção Independente, Vitória (ES) receberá três importantes nomes do cinema nacional que pensam e produzem esse tipo de cinematografia. Estamos falando dos cineastas Zózimo Bulbul, Joel Zito e Jeferson De. Os três estarão presente na mesa “O que é Cinema Negro” - primeira atividade do seminário que também faz parte da Mostra. A mesa acontecerá na manhã do dia 14 de outubro, no Cine Metrópolis, na Ufes. Abaixo, conheça um pouco da história de cada um dos palestrantes:

Zózimo Bulbul - No trabalho com a dramaturgia, Zózimo Bulbul foi o primeiro ator a ser um protagonista negro em uma novela brasileira e um dos principais atores do Cinema Novo. Bulbul, não é apenas um pioneiro na produção de obras cinematográficas sobre a temática racial, mas também um dos diretores brasileiros que mais produziu sobre esse tema.

Joel Zito Araújo - Doutor em ciência da Comunicação pela Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo (ECA-USP), Joel Zito tematiza o negro na sociedade brasileira em suas produções cinematográficas. Em 2000, o diretor lançou o documentário “A negação do Brasil”, o filme é o resultado de uma pesquisa profunda sobre o percurso do negro enquanto personagem nas novelas brasileiras. Em 2005, Joel Zito ganhou com o longa metragem de ficção Filhas do Vento, oito Kikitos no Festival de Gramado, premio de melhor diretor, melhor atriz (Ruth de Souza e Léa Garcia), melhor ator (Milton Gonçalves), melhor ator coadjuvante (Rocco Pitanga), crítica e atrizes coadjuvantes (Thalma de Freitas e Taís Araujo). O cineasta está atualmente lançando nas salas de todo o país o documentário Cinderelas, Lobos e um príncipe encantado.
Jeferson De - O mais jovem cineasta da mesa será Jeferson De. Ele é um dos autores do Dogma Feijoada. Trata-se de um movimento de cineastas que reivindicava uma maior participação dos negros no cinema brasileiro, tanto na sua representação como no acesso aos meios de produção, bem como questiona o modo como o negro é representado nessas produções. Neste ano, Jeferson De lança em 2010, o seu primeiro longa-metragem “Brodér!”, obra totalmente rodada na periferia de São Paulo.
A 5ª Mostra Produção Independente, que tem como título “Cinema em Negro & Negro”, acontecerá de 13 a 17 de outubro de 2009, no Cine Metrópolis, na Ufes, Vitória-ES. O evento contará com uma Mostra Competitiva aberta para os realizadores locais com produções sobre qualquer temática. Na Mostra Paralela serão exibidas as produções audiovisuais que tratam da temática racial. As inscrições podem ser feitas por meio do site www.abdcapixaba.com.br até o dia 10 de agosto. A realização é da ABD&C-ES.
Saiba mais sobre os convidados da a mais sobre a 5ª Mostra Produção Independente:
Zózimo Bulbul:
http://pt-br.wordpress.com/tag/zozimo-bulbul/
Joel Zito:
http://www.adorocinemabrasileiro.com.br/personalidades/joel-zito-araujo/joel-zito-araujo.asp
http://www.youtube.com/watch?v=_4X36GyKvJc&eurl=http%3A%2F%2Fwww.portalgera.com.br%2F%3Fq%3Dnode%2F87&feature=player_embedded
Jeferson De:
http://cinema.uol.com.br/ultnot/2008/06/12/ult4332u791.jhtm
http://www.jefersonde.blogspot.com/

Pesquisadora apresenta seu filme tese na 5ª Mostra Produção Independente


Pesquisadora apresenta seu filme tese na 5ª Mostra Produção Independente
Em Yorubá, “Ôrí” significa “cabeça” ou “consciência”. Esse também é o nome do documentário de Raquel Gerber. Na obra, a diretora aborda a reconstrução da identidade negra no Brasil





Descendente de mãe polonesa e pai russo, a diretora de cinema Raquel Gerber nasceu em São Paulo e teve a construção da sua brasilidade foi fortemente influenciada pelas suas pesquisas cinematográficas sobre a cultura negra no Brasi, segundo a própria Raquel. Não é para menos, afinal seu documentário “Ôrí”, de 1989, levou 11 anos para ficar pronto. A exibição do filme seguida de uma conversa com Raquel Gerber acontecerá na manhã do dia 15 de outubro, durante o Seminário da 5ª Mostra Produção Independente – Cinema em Negro & Negro, no Cine Metrópolis, na Ufes, Vitória (ES).

Em “Ôrí”, Raquel Berger documenta como, na diáspora americana, os negros recriam seu modo de vida e organização. O fio condutor desse recontar é feito junto com a história da militante e historiadora Beatriz do Nascimento, falecida em 1995. No documentário, a relação com o tempo, o espaço e a ancestralidade da comunidade negra são pensadas a partir da simbologia do quilombo. Zumbi de Palmares é construído enquanto imagem positiva para o homem negro contemporâneo.
Raquel Gerber trabalhou junto com Glauber Rocha de 1977 a 1988. É de sua autoria o livro "O mito da civilização atlântica"(Editora Vozes, 1982) cujo título remete a um conceito defendido por Glauber. A publicação resulta de pesquisas hitóricas que Raquel realizou junto com diretor do Cinema Novo e que também foi a sua tese de mestrado na USP.

A 5ª Mostra Produção Independente é uma realização da ABD&C Capixaba que acontecerá do dia 13 a 17 de outubro de 2009, no Cine Metrópolis, na Ufes – Vitória(ES). Para mais informações sobre a programação do evento (Mostra Paralela, Mostra Competitiva, Inscrições, Seminário e Oficinas), acesse o site http://www.abdcapixaba.com.br/ .

Saiba mais sobre a Raquel Gerber: http://pt-br.wordpress.com/tag/raquel-gerber/

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

BAIANA DO INSTITUTO STEVE BIKO RECEBE PREMIO jOVEM CIÊNTISTA 2007

Sheila Regina dos Santos Pereira, integrante da equipe pedagógica do Instituto Cultural Steve Biko (ICSB), é a grande vencedora do Prêmio Jovem Cientista 2007, que teve como tema Educação para reduzir as desigualdades sociais. O prêmio, que existe desde 1981, é um dos mais importantes da América Latina. Mantido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Grupo Gerdau e a Fundação Roberto Marinho, seu objetivo é revelar talentos e estimular pesquisas que apontem alternativas expressivas para problemas brasileiros. Nessa edição, concorreram centenas de trabalhos de todo o país, dedicados a investigar perspectivas factíveis de redução das iniquidades sociais, tendo a educação como vetor fundamental.

Com a pesquisa 'OGUNTEC: uma experiência de ação afirmativa no fomento à iniciação científica', orientada pelo professor Abraão Felix (Universidade Estadual da Bahia), Sheila realizou um estudo acerca da trajetória de 35 estudantes negros(as) no programa Oguntec, mantido pelo ICSB desde 2002. 'O trabalho é resultado do acompanhamento pedagógico desses estudantes, todos negros e oriundos de escolas públicas, entre os anos de 2005 e 2007. Nele, traçamos um paralelo entre o quadro social brasileiro e a realidade deles, suas limitações, êxitos, problemas com auto-estima, dificuldades de aprendizagem, dentre outros aspectos', expõe a jovem pesquisadora, vencedora da categoria graduado.

Formada em Estatística pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Sheila conhece muito bem a realidade do seu objeto de estudo. Estudante, negra, egressa da escola pública, ela também vivenciou na prática as agruras da falta de políticas de incentivo à produção do conhecimento entre os jovens, sobretudo negros e negras: 'No Brasil apenas 10% dos negros com menos de 30 anos têm formação superior completa. Isso é resultado de um longo processo de segregação e ausência de políticas efetivas voltadas para atender essa parcela da sociedade', enfatiza.

De malas prontas, ela viaja para Brasília no próximo dia 22 de outubro, quando participará da coletiva de apresentação à imprensa dos vencedores do prêmio. A cerimônia de premiação acontece em novembro, quando receberá o prêmio máximo dessa edição das mãos de ninguém menos que o Presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva.

Quando questionada sobre o que pretende fazer com os R$ 20 mil disponibilizados pela premiação, responde: 'Doar para o Instituto Steve Biko e seus projetos educativos. O instituto já possibilitou o ingresso de mais de mil estudantes ao ensino superior, eu sou um deles. Aqui, mais do que disciplinas, aprendemos a viver em co-responsabilidade e compartilhar com o coletivo os frutos que tivemos o privilégio de obter'. O vínculo de Sheila com ICSB deu-se em 2002, ainda como estudante de um outro projeto, o Pré-Vestibular Steve Biko. Depois de ingressar na universidade, retornou como voluntária da equipe pedagógica do programa Oguntec, do qual faz parte até hoje.

SOBRE O OGUNTEC
O Oguntec é um dos principais programas educativos do Instituto Steve Biko. Seu objetivo é fomentar e difundir a ciência e tecnologia entre estudantes de escolas públicas e possui como estratégia metodológica três eixos básicos de ação: Elevação da Escolaridade, Popularização da Ciência e Tecnologia e Inclusão Digital.

'Esses estudantes passam pelo mesmo tipo de dificuldade que enfrentei. Muitos chegam ao instituto e sequer têm coragem de se submeter ao exame vestibular, por julgarem algo totalmente distante de sua realidade. Foi isso que me impulsionou a realizar esse estudo, mostrar a forma como socialmente são construídos mecanismos que sabotam os sonhos desses jovens e a necessidade de políticas públicas efetivas para reverter essa realidade', ratifica a entrevistada.

Jordeson Nascimento, 19 anos, é um exemplo disso: 'Antes, não tinha muita perspectiva de cursar uma universidade, principalmente pública, mas ao ingressar na Biko entrei em contato com um processo de aprendizagem mais interativo e questionador, que nos faz mais austero. Então criei coragem e enfrentei o bicho-papão do vestibular. Hoje, sou estudante do curso de Arquitetura, da UFBA, e de Engenharia de Produção Civil, da UNEB', expõe o ex-estudante do Oguntec.

Fundado em 31 de julho de 1992, por estudantes universitários ligados ao Movimento Negro, o Instituto Cultural Steve Biko é uma organização não governamental sem fins lucrativos, que tem como missão promover a ascensão social da população negra através da educação e do resgate de seus valores ancestrais. Ao longo desses anos, o instituto participou ativamente de importantes conquistas sociais, como a institucionalização de ações afirmativas nas universidades públicas baianas e a fundação de programas como Diversidade na Universidade, do Governo Federal. Atualmente, o Steve Biko prepara-se para dar um grande passo no processo de consolidação de sua missão: construir uma instituição de ensino superior que valoriza a diversidade étnico-racial, contemplando os saberes e fazeres da cosmovisão africana e das suas diásporas na produção de conhecimento.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Renda de negros e pardos é menor que a metade da dos brancos, diz Ipea

Os negros e pardos, segundo os últimos dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Aplicada), têm renda per capita equivalente a menos da metade da renda dos brancos. Pelos dados estatísticos, se o ritmo de avanços por parte dos negros e pardos for mantido, a igualdade racial só ocorrerá em 2029. A solução, de acordo com os especialistas, está na execução de políticas públicas sociais.
"Nós temos um claro problema de desigualdade racial que tem relação com discriminação, racismo e preconceito. Mas os dados não tocam nessas questões", afirmou o diretor de Cooperação de Desenvolvimento do Ipea, Mário Theodoro.
Em seguida, Theodoro disse que "qualquer que seja a variável que está estudando, a população negra está sempre mais precária do que a média nacional, ou seja, a população branca. Sempre nós temos este mesmo resultado".
O diretor de Estudos Sociais do Ipea, Jorge Abraão, lembrou ainda que lentamente as conquistas dos negros e pardos vêm ocorrendo. "Apesar do diferencial ainda existir, os negros estão tendo mais acesso ao ensino fundamental", afirmou. "Em geral negros, nordestinos e pobres têm uma situação [econômica] pior."
Para Theodoro, as melhorias registradas entre os negros resultam dos ganhos que a população brasileira teve como um todo. "Um conjunto de políticas seria benéfico para que os residuais entre negros e brancos fosse erradicado', afirmou o diretor.
Porém, os pesquisadores concluíram que há uma tendência de queda desta diferença econômica entre famílias brancas e negras, mas segundo Theodoro essa é uma análise "otimista". De acordo com ele, é otimismo porque a população negra costuma ter núcleos familiares maiores, portanto, essa tendência pode não se efetivar.
Os dados comparativos, envolvendo os anos 2006 e 2007, mostram redução no número de negros pobres e aumento do percentual de negros e pardos ricos. Para os pesquisadores, a falta de políticas de ação afirmativa reflete diretamente nas possibilidades de mudanças.


RENATA GIRALDI da Folha Online, em Brasília