domingo, 25 de maio de 2008

Observatório de Favelas expõe fotos em Vitória



Foto e Cidadania

A fotografia nos faz recordar histórias, reviver momentos, pessoas... E muito além disso, o projeto Observatório de Favelas, lá do Rio de Janeiro, traz para a Ilha das Caieiras, um novo objetivo para a fotografia, o de promover a cidadania através das lentes.

Durante três dias, a equipe do observatório ofereceu uma oficina para crianças e adolescentes. O tempo foi curto, mas suficiente para encantar os participantes que, cada um com seu equipamento, procurava, pelas ruas de São Pedro, imagens a serem eternizadas. "O objetivo principal é despertar a curiosidade e a sensibilidade do olhar desses jovens para o que está a sua volta. Além disso a fotografia desperta senso crítico que também é muito importante para o ser humano" afirma o instrutor Fábio Caffé.

O trabalho não acaba quando se aprende a fotografar. "Eu e o Ratão fomos alunos do Observatório lá no Rio e hoje somos professores. Existe também o caráter multiplicador e nós, hoje educadores viajamos para dar oficinas nos mais diversos lugares" conta Caffé.

Depois de muitos cliques o instrutor Ratão Diniz, inicia o processo de edição e escolha do material que será exposto como resultado da oficina. "A galera tá de parabéns. Tem muita gente boa aqui" se orgulha Ratão.

As fotos foram expostas no pier da Ilha das Caieiras com projeção na parede de uma das casas. O cenário ideal. Jenifer (13), Carlos (15), Jessé (14) e Indiara (16), alunos da oficina, com olhares atentos, vibravam a cada foto estampada no muro. De fundo o som do grupo Barbatuque fez a trilha musical do momento. "Eu que nunca tirei foto fico muito feliz em poder retratar o nosso bairro, esse lugar. E ver as pessoas tirando foto me orgulha e mostra que posso ser fotógrafa um dia" conta Indiara.

Todo esse movimento das Caieiras faz parte de um projeto ainda maior, o Vitória Foto, que almeja transformar maio, o mês da fotografia na cidade. "Até 15 de junho acontece um verdadeiro circuito por espaços culturais e urbanos com fotografias para todos os gostos" convida a organizadora do evento, Carla Osório.

Exposições

Abstrato Extrato - Walter Firmo (RJ)
Abertura dia 8 de maio, a partir das 20 horas, na Galeria Homero Massena - Rua Pedro Palácios, 99, Cidade Alta, Vitória. Visitação do dia 9 de maio a 6 de junho.

Guaramare: no mundo de Vicente Bojovski - André Alves (ES)
Abertura no dia 13 de maio, às 19 horas, no Studio Base 40 - Av. Maruípe, 40, Fradinhos. Visitação do dia 14 a 30 de maio.

Espírito Santo em Preto e Branco - Rogério Medeiros (ES)
Abertura dia 15 de maio, a partir das 19 horas, na Galeria Francisco Schwartz, na Assembléia Legislativa - Av. Américo Buaiz, 205, Enseada do Suá. Visitação de 16 de maio a 15 de junho.

A Favela vê a Favela - Observatório de Favelas (RJ)
Abertura no dia 17 de maio, a partir das 15 horas, no Píer da Ilha das Caieiras, Rua Felicidade Correia dos Santos s/n - Ilha das Caieiras, Vitória. Visitação até 1 de junho.

Foto Clube do Espírito Santo - Coletiva de fotoclubistas
Abertura dia 20 de maio, a partir das 19 horas, no Espaço de Arte do Bandes -Av. Princesa Isabel, 54, Centro, Vitória. Visitação de 21 de maio a 15 de junho.

Mulheres de Tucum - Edson Chagas (ES)
Abertura dia 30 de maio, a partir das 20 horas, na Aliança Francesa - rua Alaor Queiroz de Araújo, 200, Enseada do Suá, Vitória.
Visitação de 2 a 15 de junho.
24/05/2008 Foto e Cidadania - Matéria publicada na pg do Programa Em Movimento

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Morre Dinha do acarajé - a Bahia perde um de seus ícones


16/05/2008 10:42
Dinha: preferida de famosos e mãe guerreira


A sorridente Lindinalva Assis tornou-se uma figura símbolo do Rio Vermelho, bairro da capital baiana que ganhou fama como reduto da boemia. Mais conhecida como Dinha, a baiana de acarajé começou a trabalhar aos 7 anos de idade, como ajudante da avó, Ubaldina, três anos após a morte da mãe, Rute. Ubaldina escolheu, em 1944, o Largo de Santana para montar o primeiro tabuleiro da família.
Aos dez anos de idade, com a doença da avó, Dinha assumiu o posto. Aos poucos, foi conquistando o público e consolidou seu produto como “o melhor acarajé da Bahia”. Na década de 1980, começou a excursionar pelo país e chegou a levar o acarajé ao exterior, participando de eventos como representante das baianas de acarajé.
A partir de 1998, a já consagrada quituteira passou a se dedicar a outro empreendimento da família. O restaurante Casa da Dinha, localizado em frente à praça onde fica o tabuleiro, é fruto do trabalho que rendeu à baiana a criação dos três filhos - Eliana Claudia Assis Cruz, Elaine Michele Assis Cruz e Edvaldo da Cruz Júnior - e garantiu para o Rio Vermelho o título de “point do acarajé”.
Depois de anos de trabalho, Dinha pôde se considerar uma baiana aposentada. Sua filha mais velha, Claudia, assumiu o posto na Praça de Santana, onde chegou a vender uma média de 700 acarajés por dia, além de outras iguarias como abará, bolinho de estudante e cocadas. Cláudia é formada em Ciências Contábeis, mas fez do tabuleiro também sua profissão.
Clientes famosos - Antes de criar o restaurante, era na praça que Dinha recebia os clientes famosos que ajudaram a consolidar o seu nome. Pierre Verger, Chacrinha, Suzana Vieira, Dercy Gonçalves, Mário Cravo, Dorival Caymmi, Daniela Mercury, Carlinhos Brown e o senador Antônio Carlos Magalhães já passaram por lá.
Alguns famosos entraram não apenas na fila de clientes, mas no hall de amigos de Dinha, como os escritores Jorge Amado e Zélia Gattai, o publicitário Nizan Guanes e a empresária do ramo de alimentação, Lícia Fábio.
A imagem que deixa para os amigos e familiares é de uma mãe guerreira que, sozinha, criou os três filhos, sempre com o ofício que aprendeu ainda na infância. A luta sempre fez parte de sua vida, o que a levou a superar o estigma da mulher negra, pobre e destinada ao fracasso.
Para toda a família, sempre foi considerada um porto seguro, e será lembrada como uma grande mãe. Para muitos funcionários que passaram pelo tabuleiro, também foi mãe, aquele que acolhe, acompanha, e vibra com o sucesso. Aos admiradores e "sobrinhos", que cativou sempre carinhosamente apelidando a todos de "meu filho", Dinha deixa a saudade do sorriso fácil e largo.
Clarissa Borges, do A TARDE On Line

quarta-feira, 14 de maio de 2008

O ESPÍRITO SANTO EM PRETO E BRANCO - exposição de Rogério Medeiros


Dualidades que emergem no tempo e permeiam a história do Espírito Santo. Um Estado marcado pela diversidade dos muitos povos que o formam. São diferenças étnicas, geográficas e culturais, que de tão distintas, se assemelham. Conformes na relação de troca e respeito com a terra estrangeira que adquiriu o papel de lar. Iguais na perseverança e na comunhão social. Diferentes nos costumes, cores e tradições. Diversidades que se mantiveram e se mantêm a base de muito suor, trabalho, lágrimas e memórias que não desejam desaparecer.
O Espírito Santo em Preto e Branco, de Rogério Medeiros, traz à tona essa dualidade inseparável. Uma parte da complexidade do mosaico étnico do Estado se reflete nas imagens aqui apresentadas e sua distinção é harmonizada pelas lentes do fotógrafo. Suas diferenças tão evidentes se apresentam em análogas situações cotidianas. Os negros e brancos retratados são oriundos europeus e de quilombos. Juntos integram os diferentes biótipos capixabas e compõem um painel étnico nacional, sintetizado em um único território.
É a alegria de uma brincadeira, ou a beleza contida no olhar de uma criança. É a descontração das manifestações culturais, que com um pouco de música e diversão tentam abrandar a dureza do dia-a-dia. Ou a sabedoria marcada pelo tempo na pele dos mais velhos. Na mandioca ou no café, as mãos que ajudaram a construir o Espírito Santo. É a família que unida pelo trabalho vence as diversidades, ou a dor da despedida de um ente querido que, de certa forma, sempre iguala a humanidade.

domingo, 11 de maio de 2008

O Espírito Santo, uma terra marcada pela fotografia


O Espírito Santo é um Estado reconhecido nacionalmente pelo trabalho de vários fotógrafos que viveram e trabalharam aqui. Podemos dizer que o Espírito Santo foi palco de um movimento fotográfico ininterrupto desde a década de 20, quando o fotógrafo Paes registrou as obras de urbanização de Vitória.
Daí segue uma geração de fotógrafos que fizeram parte do Foto Clube do Espírito Santo (1946). Nestes 62 anos de atuação passaram pelo Foto Clube um time dileto de fotógrafos como: Ugo Musso, Dolores Bucher, Pedro Fonseca, Magid Saade, Dante Micheline, Érico Hausschield, Marinho Carlos, Paulo Bonino, Antonio Carlos Sessa Neto, Sagrilo, Manoel Rodrigues, entre outros.
Na década de 60, nascia o fotojornalismo no Estado. No extinto jornal O Diário trabalharam Rogério Medeiros, Paulo Makoto, Heraldo Carneiro e Joaquim Nunes. No jornal A Gazeta estreavam os contemporâneos Abílio Matos e os irmãos Lopes, José Carlos e Ailton.
A década de 70 nos revelou outros nomes importantes no fotojornalismo como: Gildo Loyola, Antonio Carlos Moreira, Joecir Secreta, Nestor Muller, Helô Santana, Ciro Denadai, Carlito Medeiros e Luiz Pajaú.
No sul do Estado, entre os anos 50 e 70, Cachoeiro de Itapemirim também apresentou um núcleo de bons fotógrafos, cujo prestígio foi além das fronteiras do município. São eles: Byron Tavares, Enoque Pinheiro e Guilherme Peçanha.
Na passagem dos anos 70 para os 80, no Centro de Artes, da Universidade Federal do Espírito Santo, atuaram as fotógrafas Márcia Capovilla e Simone Guimarães.
Ainda na UFES nos anos 80, trabalharam como professores de fotografia David Protti e Alexandre Curtis, no curso de Comunicação Social. Nas redações dos jornais encontramos Romero Mendonça, José Augusto Magnago, Chico Guedes, Margô Dalla, Secretinha, entre outros.

Destaque ainda para Humberto Capai, Vitor Nogueira, Flávio Santos e João Isau, fotógrafos que se dedicaram a áreas diferentes da fotografia, mas que reuniam habilidade com a película fotográfica.
Nos anos 90, uma geração de fotógrafos, jornalistas e documentaristas, se apresenta no Estado com exposições e publicações que retratam os diversos aspectos naturais, culturais, políticos e cotidianos da vida capixaba. Surge uma nova geração de fotógrafos como Sérgio Cardoso, Elizabeth Nader, Fabio Nunes, Tadeu Bianconi, Carla Osório, Alair Caliari, Carlos Alberto Silva, Edson Chagas, Zanete Dadalto, André Alves, Leonardo Bicalho e tantos outros que se destacaram no cenário fotográfico.
Tudo isso possibilitou o intercâmbio com fotógrafos de outros estados, que acompanharam de perto a produção fotográfica capixaba como o mineiro Sebastião Salgado, os cariocas Walter Firmo, João Roberto Ripper e Milton Guran, o paulista João Bittar, entre outros. Todo este movimento fotográfico possibilitou uma visibilidade ao Estado em publicações, galerias, sites e na grande imprensa de todo o país.
Sendo assim, este projeto pretende tornar o Espírito Santo, mais uma vez o cenário de um grande evento fotográfico. Em pleno outono, no mês de maio, quando a luz que banha o Estado de norte a sul contornando a sua geografia de tons inigualáveis, se realiza o VITÓRIA - FOTO.

Saudações fotográficas,

Carla Osório
Produtora Executiva
Vitória-foto